Ficha técnica:
- Argentina 1 x 2 Holanda.
- Data: 04/07/1998
- Estádio: Velódrome - Marseille(França)
- Mundial da França 1998.
A Argentina após se classificar em primeiro lugar do grupo H e passar pela Inglaterra nos penais nas Oitavas de Final, estava nas Quartas de Final diante de uma das Seleções mais fortes do Mundial 1998, a Holanda comandada por R.De Boer, Cocu, Bergkamp e Kluivert. Daniel Passarella e sua equipe sabiam da dificuldade e também que a Argentina era uma das candidatas ao título naquela Copa. A equipe de Passarella, embasada num 3-5-2 com Ortega e Verón ditando o ritmo do jogo aliados ao artilheiro Batistuta era uma seleção disciplinada e aguerrida, e certamente aquela partida está na memória do bom admirador de futebol pela qualidade apresentada por ambas equipes.
Diagrama tático 1: A Argentina e o 3-5-2 de Passarella.
A Argentina começou o jogo tentando imprimir toque de bola e apostando principalmente nas jogadas individuais de Ortega, o qual no início chamou muito o jogo para si. Aos 5 minutos, Cocu após rebate da defesa argentina acertou a bola na trave, para susto dos argentinos. A Argentina não se abateu e continuava a tentar com Ortega, Claudio López aplicando suas jogadas em profundidade e com as aproximações de Verón.
Flagrante tático 1: A particularidade do 3-5-2 de Passarella: O falso ala Simeone que realizava a composição do meio-campo, compondo uma linha de 3 com Verón e Ortega. Simeone também atuava na recomposição da defesa formada por 3 zagueiros. O capitão argentino não realizava jogadas em profundidade pela esquerda, encarregadas por Claudio López ou Ortega.
Aos 11:30 a defesa argentina falhou e o artilheiro holandês Kluivert sobrou livre para abrir o marcador. Um gol cedo que acordaria a Argentina.
Claudio López movimentava-se pelas duas pontas e em torno de Gabriel Batistuta, e foi daí que a Argentina achou espaço para empatar. Aos 17 minutos Verón acha López livre entre os zagueiros, e “El Piojo López” friamente colocou a bola entre as pernas de Van Der Sar.
Ilustração: Claudio López diante de Van Der Sar. O empate argentino.
A Argentina ganhava ânimo na partida e desde o gol a tinha mais domínio.
Flagrante tático 2: Zanetti e Simeone alternavam o posicionamento, e enquanto Zanetti era componente do meio junto a Almeyda, Verón e Ortega, Simeone formava a linha de 4 zagueiros junto a Sensini, Ayala e Chamot.
Flagrante tático 3: A recomposição da defesa com 5 homens, quando Zanetti e Simeone retornavam para marcar. A Argentina defensivamente se comportava em um 5-3-2
Aos 37 minutos Ariel Ortega em jogada pela esquerda chutou de fora da área e acertou a trave.
A Holanda assustava com chutes de fora da área ou com infiltrações entre os zagueiros argentinos, através das chegadas de Davids e Cocu. Argentina e Holanda criavam boas oportunidades, expondo um jogo ofensivo e com espaços.
A Holanda assustava com chutes de fora da área ou com infiltrações entre os zagueiros argentinos, através das chegadas de Davids e Cocu. Argentina e Holanda criavam boas oportunidades, expondo um jogo ofensivo e com espaços.
Flagrante tático 4: Aqui temos a explicação clara da peculiaridade do 3-5-2 de Passarella. Na primeira imagem à esquerda vemos Simeone compondo o meio com Verón, Almeyda e Ortega. A Holanda avançaria a jogada ao ataque, e em seguida como notamos na imagem a direita, Zanetti formava a linha de 4 zagueiros com Ayala, Chamot e Sensini.
O jogo idealizado por Passarella buscava compactar o meio-campo, tornando-o marcador e agressivo taticamente, com muita marcação através de Zanetti, Almeyda, Simeone e em certos momentos Verón(quando os 4 formavam uma linha de marcadores no meio). Isto dava liberdade para o quadrado ofensivo, formado por Verón, Ortega, López e Batistuta. O primeiro tempo terminava desta maneira: 1 x 1.
O segundo tempo começou com ambas seleções com receio de arriscar e “se estudando”. Os ataques da Argentina permaneciam conforme no primeiro tempo:
Flagrante tático 5: A linha dos 3 meio-campistas de aproximação: Ortega, Verón e Simeone, em relação a López e Batistuta.
A Holanda no 2º tempo tinha mais a posse de bola, mas pouco assustava a Argentina. Em contra-ataque aos 63 minutos, com lançamento de Verón, Batistuta na direita “cortou” para a canhota e incrivelmente acertou a trave de Van Der Sar. Gabriel Batistuta sabía que não costumava perder jogadas como aquela que acabava de vivenciar.
Ilustração 2: O desespero de Gabriel Batistuta após incrível “pancada” na trave.
Logo em seguida, Kluivert em cabeçada voltava a assustar a Argentina, exigindo boa defesa de Carlos Roa.
Aos 67 minutos, Almeyda deu lugar a Pineda para fortalecer o sistema defensivo argentino.
Diagrama tático 2: A Argentina passaría a jogar em um 4-3-3, com Verón formando a linha de 3 meio-campistas com Simeone e Zanetti. Quando Verón avançava o comportamento era de um 4-4-2.
Flagrante tático 6: O novo comportamento da Argentina em campo: A linha de 3 meio-campistas seguida de Ortega atuando como enganche em relação a Batistuta e Claudio López.
Aos 75 minutos a situação parecia melhorar para a Argentina, com a expulsão de Numan, após dura falta em Simeone no meio-campo. A Argentina não criaria tanto, mas dominaría a partida a partir daquele instante.
Aos 87 minutos, ocorreu talvez o lance crucial entre Argentina x Holanda: Ortega com a bola se movimenta pela direita, entra na área, passa pelo zagueiro Stam e cai. O árbitro entende simulação de Ortega, e os holandeses foram tirar satisfação com Burrito. Van Der Sar ao reclamar com Ortega, recebe cabeçada do camisa 10 argentino, que foi expulso. A Argentina que tinha a partida nas mãos se desestabilzava naquele momento. Aos 89' F. De Boer inicia uma linda jogada com lançamento para Bergkamp da área holandesa à área Argentina. Denis Bergkamp com incrível categoria domina a bola, dribla Ayala e toca na saída de Roa. A Argentina estava fora do Mundial 1998.
Passarella ainda colocou o atacante Balbo no lugar de Chamot, mas a Argentina nada conseguiria fazer naquele momento. A Argentina de 1998 mostrava-se uma equipe disciplinada taticamente e aguerrida, e foi eliminada da Copa 1998 sabendo que possuía condições de ser tricampeã mundial.
Argentina 1 x 2 Holanda, uma das grandes partidas da Argentina em Mundiais.
CARACA... RELEMBRAR É VIVER!
ResponderExcluirDuas seleções TOP de linha! Dava gosto de assistir essas seleções jogarem.
ResponderExcluirMais outro show de José Alves Marques Júnior. Parabéns mesmo, está escrevendo muito.
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